Wednesday, February 13, 2008

Dialectos

Parece que a regra agora manda que se substituam os éses (S) pelos xis (X), os kapas (K) pelos quês de quá-quás (Q); que a palavra “que” seja totalmente substituída pela sílaba “ki”; e que os éres (R) só existam quando a sua exclusão cause complicação para a interpretação da palavra, enfim, parece que às vezes há éres outras vezes não; etc.
Tudo isto se passa no início do século XXI, num país chamado Portugal, numa geração muito abaixo daquela a que chamavam rasca. Vamos lá interpretar este texto que apanhei no HI5.com, uma das maiores redes de interrelacionamento, em que uma amiga escreve a outra, tratando-a por mana, a dizer-lhe o quanto gosta dela. Reparem como a idiota começa bem – parExe – dando um erro logo na primeira palavra daquele dialecto. É que, e seguindo a regra descrita acima, a palavra “parece” seria para ela no Português como ainda o conhecemos, mas que desaparecerá muito mais rápido do que desapareceram os dinossauros da terra, “parese”!

“parExe ki Estou a vIver um peSadelO......em pimeiro lugar kiate pedIr desculPa pOr nao te teR ditO maiS ceDo kI ia saIr du kulegIo maS eu tiVe medU dE te magUar...i vI ki fix maL descUlpa....... Em segundu kiate dizer........ki ..........te adoro muito mas muIto meSmo...i ki.........sempe guztei de tI mas agora e ki notO kI INda gozto maIs...inda so paSsaram doIs dIas i ja estou com saUdadeS tuaS.... “

O mesmo acontece com a palavra “fiz” que, seguindo-se a regra da energúmena de trocar os éses pelos xis, daria “fis” no fora de moda idioma português.

“*sauudades dakeles momentos..de rIr
* saudade de sorRir kuntigo
*saudadis di dixkutir
*saudadis do teu abraço=)
* sadadis dos teus boliscoes..l0ol
* saudadis desse teu feitio
*saudadis de TI...... “


Saudade da minha professora da quarta classe que me rebentava as mãos à reguada sempre que eu errava. Saudade dos puxões de orelhas aplicados no momento certo. Foram esses que me fizeram crescer. No meio de tanta saudade desta imbecil apenas uma vez “saudade” foi escrito correctamente.

“resumindo e iSso kI tenhO...sSaudadIs tuaS....tu nao imagInas u kuanto te adoro...........a klpada ki me xinto.....por ter reprovadu..........i pensar ki neste momento inda pudiamos estar juntas.....perdoame tudu...ki fis...........todaS aS mInhAS atItudeS......todaS as vezeS kI te magOei.......”

Ainda há esperança para este ser! Por um lado sabe que um bom texto deve encerrar resumindo o que se pretendia dizer quando não se conseguiu dizer coisa alguma, por outro lado este espécime reprovou, o que prova que a sua professora de Português teve pelo menos o discernimento de saber que este energúmeno deveria ficar na escola toda a vida, assim como numa espécie de prisão perpétua.

“eu nao façO poR maL, sOu meZmo aSsim...... “

É mesmo assim… Burrinha! Burrinha como a gente gosta!

“SsabeZ??eu Acho kI naO voU agUentar...eU tenhU tantaS mas tanTas SsaudadIs tu nao eS tas beM a veR.....poRki e Ki iSto tInha de Akunteçer????lOgo agOra estavAmos meZmo ganDes amigaS...........nUnka penSEi ki fosse sufrer tanto......asseriu....
bem nao t massacro mais so te keru dizer mais uma vez ki te ADORO I VAIS SER SEMPE MINHA MANA SEMPE...... 33....BJUZ..... “


Que remédio. É que em coisas de sangue ninguém pode mexer. Passando um amigo a mano fica o assunto encerrado: É de sangue, não há que lhe fazer! Não duvido é que aquela irmã vá querer fugir depois de ler uma mensagem como esta.

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